sexta-feira, 9 de maio de 2014

A minha VOZ é DA PERIFERIA



Por Rodrigo Fernandes de Oliveira -  NEAB Viçosa

Amarildo Dias de Souza, 47 anos, ajudante de pedreiro, negro, torturado e morto por policiais militares na cidade do Rio de Janeiro em julho de 2013. Até hoje seu corpo não foi encontrado!
Vinícius Romão de Souza, 27 anos, ator e psicólogo, negro, foi detido por policiais militares na cidade do Rio de Janeiro, no dia 10 de fevereiro de 2014, após ter sido acusado por uma vítima de ter roubado a sua bolsa. Vinícius ficou preso por 16 dias, e não era ele o verdadeiro assaltante. Ele foi preso por engano, mas poderia também ter sido morto por engano!
Claudia Silva Ferreira, 38 anos, auxiliar de limpeza, negra, atingida por tiros e morta após ser arrastada no chão por uma viatura da polícia militar na cidade do Rio de Janeiro, em 16 de março de 2014.
Yago de Paulo Carvalho, 18 anos, negro, morto após ser baleado intencionalmente por um policial militar na cidade de Ubá-MG, em 19 de abril de 2014. Segundo o policial que atirou, “o jovem estava em atitude suspeita".
Douglas Rafael da Silva Pereira, 26 anos, dançarino, negro, baleado supostamente por um policial militar, e encontrado morto na manhã do dia 22 de abril de 2014, na cidade do Rio de Janeiro.
Edilson da Silva dos Santos, 27 anos, negro, morto por um tiro em meio a um conflito entre moradores e policiais militares na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 2014. Supostamente, não foi uma bala perdida!
Osvaldo José Zaratini, 32 anos, gerente de loja, negro, morto após ser baleado cinco vezes por policiais militares na cidade de São Paulo, em 23 de abril de 2014. Em depoimento, os policiais disseram “ter confundido o celular de Osvaldo com uma arma”.
O que esses fatos têm em comum? A princípio, o que é uma “atitude suspeita”?
A resposta é simples. Olha quem morre e veja quem mata! Dizer simplesmente “atitude suspeita” é o crime perfeito, pois infelizmente a palavra “suspeito(a)” tem um sinônimo: negro(a).
As vítimas são pessoas negras, e até que se prove o contrário, todas foram mortas de forma intencional e covarde por policias militares.
Não sei até quando irei sobreviver. Também não sei se um dia o meu nome irá aparecer em uma notícia de jornal dizendo: mais uma vítima do sistema. Faço o possível para que isso não aconteça. Não tenho dom pra vítima. Entretanto, ao ver esses fatos, vejo que não é o suficiente. Como diz Mano Brown: “perseguido eu já nasci”! Infelizmente, primeiro se atira para depois perguntar o nome.
Diretamente da periferia,
Eis-me aqui, até então, sobrevivente.

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