domingo, 28 de outubro de 2012

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão define política de cotas na Universidade Federal de Viçosa (UFV)


   O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) decidiu, na tarde desta quinta-feira (25), destinar 20% das vagas dos campi Viçosa, Florestal e Rio Paranaíba da UFV para estudantes que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. Essa decisão foi tomada em cumprimento à Lei nº 12.711, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 29 de agosto, que destina 50% das vagas em universidades federais e instituições federais de ensino técnico de nível médio para estudantes oriundos da rede pública. Apesar das universidades terem quatro anos para se adaptar à mudança, a lei foi aprovada para entrar em vigência imediatamente, o que significa que 2013 será o primeiro ano de implantação das cotas.
   Como no último ano, a UFV reservará 80% de suas vagas para candidatos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC). Os 20% restantes serão para os candidatos que participam do Programa de Avaliação Seriada para ingresso no ensino superior da instituição – Pases. O que muda é a designação de 20% de cada um desses percentuais como cotas.
   A lei ainda determina que as cotas respeitem critérios referentes à renda familiar e cor. Estudantes de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita concorrerão à metade do número de cotas. Estudantes negros, pardos e índios concorrerão ao número de cotas proporcional a suas populações, apontadas no censo do IBGE de 2010, na unidade da federação em que está a instituição de ensino superior.
   A reitora da UFV, professora Nilda de Fátima Ferreira Soares, destacou que a universidade sempre garantiu uma permanência de qualidade para os seus estudantes. “Nós ofereceremos as condições para que os novos ingressantes possam se dedicar aos seus estudos”, ressaltou.
   Vale lembrar que a UFV irá utilizar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como terceira etapa do Programa de Avaliação Seriada, que terá inscrições abertas entre 29 de outubro a 30 de novembro. As provas do Enem, segundo o MEC, serão aplicadas nos dias 3 e 4 de novembro de 2012, em todas as unidades da federação, a partir das 13h, no horário de Brasília. No primeiro dia, serão realizadas as provas de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias, com duração de quatro horas e meia. No segundo dia, os estudantes terão cinco horas e meia para fazer as provas de matemática e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias e redação. O resultado final do exame estará disponível no dia 28 de dezembro de 2012.

Fonte: www.ufv.br

Lei de Cotas no ensino superior ( na íntegra)

Instituições federais de educação superior terão de reservar metade das vagas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e para alunos negros ( pretos e pardos) e indigenas de acordo com a porcentagem em cada estado.
 
LEI Nº 12.711, DE 29 DE AGOSTO DE 2012.

Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Parágrafo único. No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.

Art. 2o (VETADO).

Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Parágrafo único. No caso de não preenchimento das vagas segundo os critérios estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes deverão ser completadas por estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Art. 4o As instituições federais de ensino técnico de nível médio reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso em cada curso, por turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que cursaram integralmente o ensino fundamental em escolas públicas.

Parágrafo único. No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.

Art. 5o Em cada instituição federal de ensino técnico de nível médio, as vagas de que trata o art. 4o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Parágrafo único. No caso de não preenchimento das vagas segundo os critérios estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes deverão ser preenchidas por estudantes que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em escola pública.

Art. 6o O Ministério da Educação e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, serão responsáveis pelo acompanhamento e avaliação do programa de que trata esta Lei, ouvida a Fundação Nacional do Índio (Funai).

Art. 7o O Poder Executivo promoverá, no prazo de 10 (dez) anos, a contar da publicação desta Lei, a revisão do programa especial para o acesso de estudantes pretos, pardos e indígenas, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, às instituições de educação superior.

Art. 8o As instituições de que trata o art. 1o desta Lei deverão implementar, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) da reserva de vagas prevista nesta Lei, a cada ano, e terão o prazo máximo de 4 (quatro) anos, a partir da data de sua publicação, para o cumprimento integral do disposto nesta Lei.

Art. 9o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 29 de agosto de 2012; 191o da Independência e 124o da República.

DILMA ROUSSEFF
Aloizio Mercadante
Miriam Belchior
Luís Inácio Lucena Adams
Luiza Helena de Barros
Gilberto Carvalho”
Fonte: Site “Congresso em foco”

Estudante cotista da UFBArecebe prêmio da universidade

   Anunciada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) como “uma dos muitos estudantes cotistas responsáveis pelo sucesso da política de Ações Afirmativas implantadas pela universidade há aproximadamente 10 anos”, a aluna Emily Karle dos Santos Conceição será contemplada nesta quinta-feira (18 de outubro), com o Prêmio Inventor: Ufba Homenageia seus Inventores”.

   Em sua 4ª Edição, o prêmio, que ocorre às 19h30, no Salão Nobre do Palácio da Reitoria, faz a homenagem à estudante pelo depósito da patente intitulada "Uso da Amêndoa de Bombacopis retusa, como potencial matéria-prima para fins alimentícios, cosmético, farmacêutico e de obtenção de biodiesel, realizado em 2011.

   Segundo informações da Ufba, Emily Karle é formanda da primeira turma de Farmacêuticos Generalistas. Técnica em Processos Industriais com Ênfase em Química, Emily Karle concluirá seu curso na universidade em abril de 2013 e atualmente realiza estágio recebendo bolsa do programa Permanecer, no Instituto de Saúde Coletiva (ISC), integrante do projeto de pesquisa em Análise Situacional da Vigilância Sanitária nas Farmácias e Drogarias do Distrito Sanitário da Liberdade em Salvador e do Projeto de Extensão Projeto Integração SUS-Liberdade - Componente de Vigilância Sanitária.

   No período de 2008 a 2011 ela cumpriu o programa de Iniciação Científica no Laboratório de Pescado e Cromatografia Aplicada (Lapesca), na Faculdade de Farmácia, e entre 2011 e 2012 foi integrante do Programa de Educação pelo Trabalho (PET-Saúde da Família), projeto previsto no Programa Mais Saúde - Direito de Todos, do Mistério da Saúde.
   Em 2009 a estudante integrou a equipe vencedora da Etapa Nordeste do Prêmio Técnico Empreendedor, promovido pelo Sebrae, com o projeto Produção de Biofilme a partir da glicerina oriunda da produção de biodiesel".

   Premiação - A Ufba, através da Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação (PROPCI), realiza nesta quinta-feira (18 de outubro) a quarta edição do Prêmio Inventor, homenageando 61 inventores com patentes protocoladas no INPI e oito inventores com patentes internacionais PCT. Deles, 59 têm vínculos com a UFBA, sendo 31 professores, três pós-doutorandos, oito doutorandos, nove mestrandos, seis DTI e 11 graduandos.


Fonte: Por Correio Nagô
Site Correio Nagô - http://revista.correionago.com.br/index.php/educacao/acoes-afirmativas/item/8591-estudante-cotista-da-ufba-recebe-pr%C3%AAmio-da-universidade

Parceria entre FCP e DPU garantirá melhor assessoria jurídica a quilombolas


   Foi firmado ontem (16) entre a Fundação Cultural Palmares (FCP) e a e a Defensoria Pública da União (DPU) uma cooperação técnica para aprimorar a assessoria jurídica aos remanescentes de quilombos. O acordo que oficializa a parceria foi assinado pelo presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, e pelo defensor público-geral federal, Haman Tabosa de Moraes e Córdova.

   Também participaram da solenidade o subdefensor público-geral federal, Dr. Afonso Carlos Roberto do Prado, o diretor do Departamento de Contencioso da Procuradoria-Geral Federal, Dr. Hélio Pinto Ribeiro, a Procuradora Chefe da Procuradoria Federal junto à Fundação Cultural Palmares, Dra. Ludmila Rolim Gomes de Faria e o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, Alexandro Reis.
 
 
Da esquerda para a direita: o subdefensor público-geral federal, Dr. Afonso Carlos Roberto do Prado; o defensor público-geral federal, Haman Tabosa de Moraes e Córdova; o Presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo; o diretor do Departamento de Contencioso da Procuradoria-Geral Federal, Dr. Hélio Pinto Ribeiro e a Procuradora Chefe da Procuradoria Federal junto à FCP, Dra. Ludmila Rolim Gomes de Faria
 
PARA LER NA ÍNTEGRA ACESSE:
Site da Fundação Palmares

Contos africanos para crianças brasileiras

 
    Contos africanos para crianças brasileiras reúne dois contos de temas universais e tradicionais, que pertencem à literatura oral de Uganda: o primeiro fala de como nasceu a inimizade entre o gato e o rato, e o segundo, do motivo pelo qual os jabutis têm os cascos "rachados". O autor fez algumas adaptações para o jovem leitor brasileiro, mas manteve as características próprias da região de origem, que permitem conhecer uma pequena parte da cultura daquele país, de belezas estonteantes. Propõe, ainda, que as crianças leiam, pesquisem e comparem as versões já conhecidas e, assim, passem a reconhecer a riqueza que nasce da diversidade. Premios: Este livro foi premiado pela Academia Brasileria de Letras - Categoria Literatura Infanto-Juvenil - em 2005. e pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - Categoria Reconto - em 2005
 
 
Para fazer o dowoload, acesse o link:
 
OBS.: Quando for fazer o download, é necessário fazer um login no site, que pode ser feito, se cadastradno no site ou através de uma conta já existente no facebook ou twitter, bastando apenas clicar no ícone de uma das redes de relacionamento citadas asima no momento do cadastro.

Pesquisa mostra que raça é fator predominante na escolha de parceiros conjugais

Rio de Janeiro - Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada hoje (17) comprova que a raça é fator predominante na escolha de parceiros conjugais. Dados do Censo 2010 mostram que 70% dos casamentos no país ocorrem entre pessoas de mesma cor e que as mulheres pretas (7% da população) são as que menos se casam.
 
Segundo a pesquisa, entre os fatores que são levados em conta na escolha de um parceiro estão a renda, a educação e a cor ou raça. São esses quesitos que influenciam a miscigenação e a mobilidade sociais, explica o pesquisador do IBGE José Luis Petruccelli, especialista na questão.
 
PARA LER O TEXTO NA ÍNTEGRA, ACESSE:





De Racismo e Sustentabilidade

Texto do site América Latina em Movimento

A questão étnico-racial vem adquirindo nos últimos anos um lugar de destaque no debate teórico-político que há muito tempo lhe era devido. São inúmeras as razões para que isso venha acontecendo. Desde os anos 1950 com a descolonização, com o movimento da negritude na África, e dos anos 1960 com as amplas mobilizações pelos direitos civis nos Estados Unidos da América do Norte (Martin Luther King) e com o movimento negro em que se destacaram, entre outros, Malcolm X e Ângela Davis, que a problemática étnico-racial começou a ganhar visibilidade. Os anos 1990 viriam o movimento indígena agregar suas cores a esse movimento para o que muito contribuiu a comemoração dos 500 anos de constituição do sistema-mundo, em 1992. O movimento indígena soube ler corretamente o significado político daquela data e da Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU realizada na cidade do Rio de Janeiro. Afinal, a reunião da ONU se fazia para debater as implicações do modelo de desenvolvimento que havia se afirmado contra outras matrizes de racionalidade e que, agora, convocava uma conferência mundial para discutir temas como a água, o ar, a terra, as plantas e os animais, assuntos com os quais esses povos desenvolveram uma sabedoria original.
Há dois momentos a serem distinguidos nesse processo de emergência desses movimentos que invocam politicamente o debate étnico-racial. O protagonismo do movimento negro estadunidense dos anos sessenta que, entre outras coisas, conquistou em 1964 o direito de votar da imensa população negra daquele país, foi assimilado pelo sistema de poder dominante seja através da repressão, seja através de cooptação. Tom Smith e John Carlos, os vitoriosos atletas negros dos EUA que levantaram seus punhos no podium na Olimpíada do México em 1968 tiveram, rigorosamente falando, que comer o pão que o diabo amassou pelo ostracismo a que foram condenados pela ousadia de se manifestarem contra o racismo. A condenação à miséria e ao desemprego desses atletas acabou sendo estendida ao australiano Peter Norman que no mesmo podium resolveu se solidarizar com os aborígenes do seu país colocando no peito o mesmo adesivo dos atletas dos EUA...
 
PARA LER O TEXTO NA ÍNTEGRA, ACESSE:
 
 
 
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Conheça e curta a página do NEAB UFV no FACEBOOK


Agenda AFRO




Data: 28, 29 e 30 de novembro de 2012
Local:UFES
Mais informações: neabufes.blogspot.com



Vídeo sobre Pré-Vestibular para Negros e Carentes - PVNC

Acesse o vídeo sobre o PVNC - Pré-vestibulares para negros e carentes

Ras Delanyr Cerqueira produziu o documentário sobre o Movumento PVCN - Pré-Vestibular para negros e carentes.

O PVNC surgiu na Baixada Fluminense em 1993, em função do descontentamento de educadores com as dificuldades de acesso ao ensino superior, principalmente dos estudantes de grupos populares e discriminados. O PVNC também surgiu visando a articulação de setores excluídos da sociedade para uma luta mais ampla contra a discriminação racial e pela democratização da educação, em especial no âmbito do ensino superior.

A idéia de organização de um Curso Pré-Vestibular para estudantes negros nasceu a partir das reflexões da pastoral do Negro, em São Paulo, entre 1989 e 1992. Nesse período e com o resultado concreto dessas reflexões, a PUC-SP, através do Cardeal Arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, concedeu 200 bolsas de estudos para estudantes participantes de Movimentos Negros e Populares...
Para ler mais, acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=5xdx2_QRXX0

Revista da UFV recebe inscrições para artigos sobre Ações Afirmativas


02/10/2012 - Revista de Ciências Humanas recebe artigos para edição do segundo semester
A Revista de Ciências Humanas do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal de Viçosa está recebendo, até 5 de novembro, artigos para publicação em sua edição do segundo semestre de 2012. A edição trará a temática das cotas e ações afirmativas, que será organizada no dossiê Uma década de ações afirmativas no ensino superior brasileiro. Os trabalhos poderão abordar o tema sob diversos enfoques, como aspectos positivos ou negativos, razões e consequências, etc.
Além das chamadas temáticas para cada edição, a Revista também recebe, em fluxo contínuo, sem necessidade de chamadas específicas, artigos diversos na área de ciências humanas e sociais. Eles são publicados sob a epígrafe Estudos & Debates. Na seção Resenhas, são publicados trabalhos sobre obras recentes e de importância para o campo de ciências humanas e sociais ou de obras clássicas e referenciais em novas edições que convenha divulgar. As resenhas são também recebidas na modalidade de fluxo contínuo.
Os artigos e as resenhas devem ser encaminhados para o e-mail da publicação: reviscch@ufv.br As normas editoriais para a publicação de artigos e resenhas na Revista de Ciências Humanas estão disponíveis em sua página: www.cch.ufv.br/revista/normas.php
(Adriana Passos – Fonte: Elson Rezende de Mello)

Nosso racismo é um crime perfeito

Entrevista com Kabengele Munanga
Kabengele Munanga é  professor da USP, estudioso do racismo, imigrante africano.
Para saber mais: http://www.museudapessoa.net/MuseuVirtual/hmdepoente/depoimentoDepoente.do?action=ver&idDepoenteHome=69



Fórum - O senhor veio do antigo Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá, a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?
Kabengele - Essas coisas não são tão abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que não é daqui, que não é como "nossos negros", é diferente. Poderia dizer que esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não entram de cabeça erguida.

Depois, com o tempo, na academia, fiz disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976, já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo, inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia. Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.

A partir daí você começa a buscar uma explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?

Para ler a entrevista íntegra:
http://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questao-racial/afrobrasileiros-e-suas-lutas/1960-nosso-racismo-e-um-crime-perfeito

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Conheça o site Mulher Negra e Cia






II Concurso Nacional de Pesquisa sobre Cultura Afro-Brasileira - Prêmio Palmares 2012

 
Aberta inscrições para 2º Concurso de Pesquisa sobre Cultura Afro
Estão abertas ...
até 1º de novembro as inscrições para o 2º Concurso Nacional de Pesquisa sobre Cultura Afro-Brasileira – Prêmio Palmares 2012. O concurso é de competência do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra e tem o objetivo de estimular a produção científica e dar visibilidade aos trabalhos acadêmicos que versem sobre a Cultura Afro-Brasileira.

Serão considerados como Pesquisa sobre Cultura Afro-Brasileira os trabalhos que apresentem aspectos da tradição histórica, social, cultural, geográfica ou jurídica da população afrodescendente no Brasil (incluindo comunidades remanescentes de quilombos e comunidades religiosas de matriz africana), bem como sobre patrimônio material (bens imóveis, coleções, acervos) e imaterial afro-brasileiro, compreendendo: saberes (conhecimentos e modos de fazer); celebrações (rituais e festas tradicionais); formas de expressão (manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas); lugares (espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas).

Ao todo, serão premiadas 13 pesquisas, sendo que nas categorias Monografia e Dissertação, a concorrência será regionalizada, ou seja: serão premiados os melhores trabalhos em cada região (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste). Na categoria Tese, serão premiados os 3 melhores trabalhos (1º, 2º e 3º lugar geral).

Os vencedores das categorias Monografia e Dissertação receberão também uma premiação em dinheiro: R$ 4 mil para cada monografia e R$ 8 mil para cada Dissertação. Para os primeiros colocados na categoria Tese, a premiação se dará na forma da publicação de um livro, com tiragem mínima de 1.000 (mil) exemplares contendo na íntegra o conteúdo da pesquisa premiada.

A participação no concurso é gratuita e aberta a qualquer pessoa com defesa comprovada de monografia, dissertação ou tese em universidade pública ou privada cadastrada no Ministério da Educação, em qualquer área de conhecimento, especialmente das Ciências Sociais e Humanas, e que atendam aos critérios do Edital.

Os candidatos que desejarem se inscrever no concurso deverão realizar sua inscrição prévia encaminhando a Ficha de Inscrição para o e-mail premiopalmares2012@palmares.gov.br.
 

Governo lança projeto de prevenção à violência contra a juventude negra

Data: 26/09/2012
Maceió (AL) terá lançamento amanhã (27) da primeira etapa de um programa piloto que visa enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país
Governo lança projeto de prevenção à violência contra a juventude negra
Ministra Luiza Bairros explicou que Alagoas inicia experiência, que envolverá vários ministérios no desenvolvimento de um conjunto de ações de inclusão e contra a cultura de violência
O governo federal lança nesta quinta-feira (27/9), em Maceió (AL), a primeira etapa de um programa piloto que visa enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. Intitulado Juventude Viva, a iniciativa é a primeira etapa de uma ação mais ampla, o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. Segundo dados do Ministério da Saúde, 53% dos homicídios registrados no país vitimam pessoas jovens. Destas, mais de 75% são negras. Além disso, enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065, em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período.

Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A escolha do estado também se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Nesta primeira etapa, além de Maceió, o Juventudo Viva também será testado em outras três cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do governo federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais violentos do país.

"O Juventude Viva representa um plano de enfrentamento à mortalidade da juventude negra. Vai começar como uma experiência em Alagoas, com os vários ministérios envolvidos desenvolvendo um conjunto de ações de inclusão e contra a cultura de violência", explicou a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, logo após participar, esta manhã, do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços. Também participou do programa o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República.

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Entre as iniciativas a serem desenvolvidas, a ministra mencionou a adoção, pelas escolas estaduais, de aulas em período integral; a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, principalmente quando associado à chamada economia solidária. Além disso, segundo a ministra, o programa também prevê ações de capacitação dos profissionais que atuam com os jovens, especialmente dos policiais. "Será extremamente importante o trabalho que faremos com as forças policiais para que possamos ter um comportamento diferenciado dos policiais em relação aos jovens, especialmente em relação ao jovem negro que, por conta da discriminação racial, acaba sendo mais atingido por essa violência", explicou a ministra.

O Juventude Viva, segundo a ministra, irá beneficiar não apenas jovens negros entre 15 e 29 anos, mas toda a população das regiões contempladas com iniciativas como a construção de espaços culturais. "Pretendemos atingir os jovens negros, que, nos últimos anos, são os que mais têm sofrido com esses altos índices de homicídios, mas, embora o diagnóstico que conduza o programa leve em conta a população negra, seu caráter é amplo. A instalação de uma praça de cultura em um bairro de maioria negra faz toda a diferença para toda a população", acrescentou a ministra.

"Embora tenhamos experimentado, nos últimos anos, uma melhoria dos indicadores sociais da população negra, temos ainda milhões de jovens negros que estão fora da escola e do mercado de trabalho, sendo uma população vulnerável às possibilidades de se envolver em situações violentas e que tem a vida pouco valorizada, já que não está inserida em nenhum tipo de rede social mais forte."

Coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, o programa contará com a colaboração dos ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esportes.
Agência Brasil
 

Curso de Extensão a Distência - Educação para as Relações Étnico-Raciais



CASO DE RACISMO EM SANTA CATARINA!!!

'O que vocês, pretos, estão fazendo na área VIP?' Racismo, agressões e eletrochoques em Santa Catarina

Aconteceu em São Miguel do Oeste, cidade de 35 mil habitantes na região oeste de Santa Catarina. No último dia 21/9, três rapazes negros foram agredidos e expulsos da área VIP do show do conjunto Charlie Brown Jr., para onde haviam sido convidados pela organização do evento, por seguranças da empresa Patrimonial armados com dispositivos de choque elétrico. O irônico em tudo isso é que o show fazia parte da Festa das Etnias.
Os jovens são Luís Henrique de Sousa, 25 anos, professor de condicionamento físico, colaborador de uma ONG que trabalha com jovens em conflito com a lei; Luahn Henrique da Conceição Almeida, 22 anos, estudante de contabilidade do Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB), morador de Sobradinho, cidade satélite de Brasília; Marco Aurélio Barbosa dos Santos, 37 anos, motorista e microempresário. Fazem parte de um grupo de dez militantes petistas que excursiona pelo sul do país, a Caravana da Juventude do PT do Distrito Federal.
"Assim que eles entraram na área VIP, um grupo começou a fazer chacota", relata Iara Cordeiro, da direção nacional da Juventude do PT. "Luis Henrique foi provocado e levou um empurrão. Logo em seguida vieram os seguranças e deram choques nos meninos: 'O que vocês, pretos, estão fazendo na área VIP?' Quando Luis Henrique mostrou a pulseira fornecida pela organização, um segurança disse: 'De onde é que vocês roubaram isso?' E dando choque".
Luahn, que é asmático, levou uma gravata dos seguranças, cacetadas e eletrochoques, e desmaiou. Os jovens foram chamados de "urubus", "macacos", "pretos safados". A Polícia Militar, chamada a prender os agressores, recusou-se. Posteriormente, o segurança que liderou as agressões procurou a Caravana para tentar negociar a retirada do boletim de ocorrência, sugerindo, sem nenhuma sutileza, que o episódio pode ser prejudicial ao PT, partido do prefeito, que busca a reeleição. Na conversa, ele admitiu as agressões, chegando a alegar que precisou dar uma cacetada em Luahn, porque era mais fácil fazê-lo descer as escadas desmaiado do que se debatendo.